A unificação das máquinas de cartões no Brasil permitirá maior concorrência no setor, trazendo benefícios para varejistas e consumidores. Varejistas terão redução de custos e poder de negociação, enquanto consumidores verão novas funcionalidades e serviços em terminais e desenvolvimento de produtos inovadores. Grande disputa é esperada entre players para captar fatia desse mercado em expansão.
Novo mercado de cartões trará benefícios a varejistas e consumidores
1. 44 | Jul/Ago 2010 CONSUMIDOR MODERNO NOVAREJO
(
análise
O mês de julho de 2010 representa
um marco histórico no que tange
ao mercado de cartões no Brasil.Isso
por conta de um acontecimento que foi ampla-
mente debatido e bastante aguardado nos úl-
timos tempos: a unificação das máquinas de
cartões, permitindo a integração e interope-
rabilidade das transações entre as diferentes
credenciadoras. Esse mercado, que movimen-
ta cerca de R$ 500 bilhões por ano e envolve
1,5 milhão de pontos de venda em todo o País,
tem sido dividido quase que em sua totalidade
por Redecard e Cielo (ex-Visanet).
Esse é um movimento de extrema impor-
tância no cenário atual do varejo brasileiro
por conta dos desdobramentos típicos que
vêm em seguida a uma abertura desse tipo, e
que serão revertidos em benefícios ao vare-
jista e ao consumidor.
Para o varejista, o primeiro benefício
é evidente: ao invés de contratar dois (ou
mais) equipamentos distintos, será neces-
sário somente um terminal para a captação
e processamento de todas as transações. Já
se fala até na extinção da mensalidade como
ferramenta comercial por parte das empre-
sas, no intuito de captar mais clientes no ce-
nário de aumento da concorrência. São con-
tramedidas que as empresas devem adotar
instantaneamente ao entrar num mercado
que até então não possuía competitividade.
Essa latente economia ao varejista, gera-
da a partir da redução de custos com aluguéis
dos equipamentos, não deverá ser o grande
atrativo da novidade. A previsão é de que
haja um aumento expressivo de seu poder de
negociação com a administradora, que pode
resultar em incentivos, como a redução do
O novo mercado de cartões
Por Rafael Barros
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2. CONSUMIDOR MODERNO NOVAREJO Jul/Ago 2010 | 45
(prazo de recebimento – impacto direto e
positivo no seu fluxo de caixa – e também
a queda nas taxas de administração, que
gira em torno de 3 a 5% por compra.
Indiscutivelmente, são benefícios
gerados pela abertura do mercado que
irão impactar diretamente no comércio,
principalmente no pequeno varejista que
possui o maior número de POS e que de-
verá optar pela contratação de uma ou
outra. Essa concorrência no mercado de
cartões também será projetada em be-
nefícios ao consumidor, que certamente
irá tirar proveito desse novo cenário. De
início, as novas funcionalidades presen-
tes nos terminais, como pagamento de
contas e créditos no celular, serão muito
bem recebidas pelo grande público. Com
o tempo, novos serviços e funcionalida-
des deverão ser agregados a cada termi-
nal presente nos estabelecimentos.
E não para por aí. Este é momento
propício para o desenvolvimento de pro-
dutos inovadores ao consumidor, que
agreguem benefícios variados e facilida-
des aliando as instituições financeiras
com meios de pagamentos e tecnologia.
Os principais players do mercado já se
movimentam para abocanhar uma fatia
desse excelente mercado. O Banco San-
tander fechou uma parceria com a empre-
sa Getnet para realizar também a captura
e processamento das transações no ponto
de venda. Já o Bradesco e Banco do Brasil
desenvolveram uma nova bandeira, cha-
mada Elo, cujo lançamento está sendo
discutido entre as partes e muito provavel-
mente será mais uma forte concorrente de
peso figurando nas mãos dos consumido-
res em breve, se juntando ao Hipercard no
quadro de bandeiras nacionais.
Esse cenário mostra que está se for-
mando um cenário de concorrência, que
por sinal é muito saudável, entre diver-
sos agentes dentro do mercado nacional
de cartões. A disputa por território, vo-
lumes e principalmente pela preferência
do consumidor deverá trazer agradáveis
surpresas a todos que se utilizam desse
tão importante meio de pagamento.
Rafael Barros
é especialista
em gestão e
consultor de
empresas
v
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